sexta-feira, 22 de abril de 2011

Álvaro e os Campos


Sabes, um dia um Professor deslocado deu-me um livro. Acho que era um prémio. Ou um rebuçado. Não sei bem já. Mas era um livro. De poemas. Não, de poesia. Sim, um livro de poesia. Era diferente o livro, sabes. Os poemas são rios e os rios são belos e frescos e moldam vales e tornam-nos férteis ao longo das montanhas. Mas a poesia, a poesia é a água toda, também dos rios, mas sobretudo dos mares e Oceanos. E esse Professor deu-me um livro cheio de um mar que é a poesia. De Fernando Pessoa quando ele era Álvaro de Campos. Um livro de quando o Álvaro de Campos era o Fernando Pessoa e as suas mãos escreviam num papel que já não há. Num tempo que já foi e não vai voltar nunca.

Nesse dia não me lembro do que pensei. Se quis ser como o Professor deslocado que falava o tugalês com sotaque a pint, se queria beber pints com sotaque tuga, se queria ser o Fernando Pessoa a ser o Álvaro de Campos, se queria ser o Álvaro de Campos a ser o Fernando Pessoa, ou se queria ser apenas aquele leitor, ali mesmo, a mergulhar na poesia.

1 comentário:

Ana disse...

Há muito que não me lembro de te ler assim. Parece que voltas-te a estar, e ser, em escrita.

Welcome back!
;) :) :)