quinta-feira, 2 de junho de 2011

Inércia

A pausa sabe tão melhor depois da corrida. Depois de um movimento que parecia não ter fim. Parar. Parar e saber - confiar, acreditar - que o mundo inteiro, fora de nós, não vai parar connosco. Não pode parar connosco. Não pára, de todo, connosco.

A pausa é este sabor a chá, no meio da conversa de café. Esta brisa de mar por cima de carros que circulam e circulam, e circulam. E circulam sem parar, como se não tivessem nem fim nem origem - como se os seus destinos fossem tão simples como não terem qualquer destino.

Há coisas que parecem não mudar nunca, mesmo quando paramos. Mas mudam. E por isso a verdade é que há coisas que mudam pouco, mas que cheiram de forma igual e nos evocam as mesmas memórias. E fazem-no de forma tão intensa, que pensamos que não mudaram nada, nunca, e nunca o farão.

2 comentários:

Olinda Gil disse...

Não adormeceremos ao parar?

David R. S. G. Sobral disse...

Ou talvez parar (fisicamente), depois de muito movimento, seja a melhor maneira de verdadeiramente acordar.