I
Céu
II
Caledonian Crescent
Às vezes damos por nós em locais que não só não esperavamos estar, mas sobretudo lugares que nem sabiamos que existiam. Como hoje, aqui.
III
Há na força da Terra
expressa no som da água a correr como se o fosse fazer para sempre
algo profundamente atractivo. Natural.
Fascinante.
IV
Não importa que a palavra possa parecer esgotar-se. Que o cansaço pareça ganhar. De nada vale lutarmos de mais - desesperadamente, obsessivamente -, quando a luta se torna contra nós mesmos. E, às vezes, o que é preciso é respirar. Largar o peso que carregamos aos ombros e inspirar fundo. Olhar o mar, sentir o silêncio - as várias famílias e espécies de silêncio - ou o frenético buzinar do mundo. Afastarmo-nos do Universo para nos encontrarmos nele novamente. Para o podermos ver novamente. Senti-lo, cheira-lo, sabê-lo.
Por isso de nada vale a profunda inquietação. Não vale a pena gritar. De nada (ou pouco) vale seguirmos assim, nessa ânsia de chegar, de tal forma exaustos que já nem sabemos onde estamos, nem para onde vamos.
Por isso relaxa. Respira. Dá a mão a quem a estende. Estende a mão a quem precisa. Fecha os olhos e acredita. Amanhã, quando a Terra se virar novamente para o Sol, o mundo terá muitos mais sorrisos.
V
Às vezes perguntas-me
se as coincidências que por vezes chovem
são de uma água que não é daqui.
Se são fruto de um fruto
que não se fez aqui.
Por vezes há um dejá-vu
sem fim.
Um nome que retorna
um lugar que relembra.
Um mundo tão distante
e que nos é como a palma
da nossa mão.
E eu nunca te respondo verdadeiramente.
Sorrio apenas.
Sorrio, e partilho contigo
este arrepio profundo
que nos percorre o corpo
e nos explode a mente.
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