O nosso Universo é pequeno demais e a velocidade da luz não chega. Aqui, o céu não é o limite, mas sim o ponto de partida para um (multi-)Universo que se quer sem preconceitos, leis chatas ou um destino do qual não se pode fugir.
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Um milhão de histórias mais uma
Um dia vou escrever um milhão de histórias. Encostar-me ao tronco de uma árvore no meio da floresta, e transformar os raios de luz que pintam o espaço por entre as folhas verdes de Verão em personagens e frases e vidas. Um dia vou correr pelo mundo do faz-de-conta, e escrever histórias sobre outros mundos, com outras pessoas, com outras ideias. Histórias do que podia ser e talvez seja; mas não aqui nem agora. Contos do que o futuro talvez trouxesse, fábulas daquilo que poderia ter sido. Um dia vou sentar-me perto de um rio e escrever as lágrimas que nele correm; pintar a alegria e a tristeza; abraçar a noite para me perder na angústia do medo e morte de alguém que partiu, e sorrir em lágrimas com o pôr-do-sol de um nascimento ou regresso. Um dia vou poder sorrir a todas as minhas personagens, mesmo as que nunca existiram; mesmo as que nunca me sorriram de volta; mesmo as que acham que sou um escritor cruel. Um dia vou correr pelas palavras e não precisar de mais nada. Esquecer o corpo e o mundo que grita lá fora; colocar de parte a angústia e a ânsia de ter que chegar ao céu e respirar o azul do céu das frases feitas das palavras. Das palavras que vão construir todas as histórias, um milhão de histórias diferentes. E, no final, depois de velho e cansado, vou escrever mais uma. Antes de partir.
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