terça-feira, 31 de maio de 2011

Ao luar

Quantas vezes ao luar não perguntaste tu pelo mundo inteiro? Bola de luz sem luz. Estrela que não o chegou a ser. Que nunca o será.

Quantas vezes ao nascer do sol posto
não te questionaste tu sobre a vida, a morte,
e o mundo inteiro
que começa e acaba sempre
a cada instante?

domingo, 29 de maio de 2011

Futuro, pensar, viver


O futuro está nas mãos de quem não o quer agarrar. O futuro é de quem não o persegue, e por isso o consegue olhar com o fascínio com que se olha um nascer-do-sol, ou um barco que surge no horizonte.

O Mundo é apenas redondo para quem o faz girar, para quem o consegue moldar - mesmo sem querer -, para quem o quer pensar. E o problema, claro, é que pensar incomoda muito mais do que andar à chuva. Porque ao menos quando se anda à chuva sabemos que estamos vivos. E para pensar não é preciso estar-se vivo - é apenas necessário existir-se. E por isso, até as pedras podem pensar. Ou o mar. Um átomo. Até tu pensas. Talvez até eu! E estas palavras. Só que viver neste mundo redondo e conseguir escrever o futuro é algo muito para além da simplicidade do pensamento.

Viver é aprender a parar de pensar nos momentos certos, e acreditar no impossível - nem que seja por um único instante.

terça-feira, 24 de maio de 2011

2011

Chegámos. Partimos.
O Hoje aconteceu ontem.
O amanhã é agora.
O infinito está quase a chegar.

Mas a pergunta que realmente se coloca
Aqui, hoje,
tem de ir muito para além de nós;
para além do tempo,
de qualquer momento.

A pergunta que verdadeiramente se coloca
é

será que vale mesmo a pena
perguntar?

domingo, 22 de maio de 2011

Mar

No mar há mais do que na vida e na morte. Há um equilíbrio ainda mais frágil, ainda mais intenso, e um potencial que não muda, não se transforma, nem se gasta nunca.

No mar há mais abraços do que em terra, mais frescura do que no ar. Mais magia do que na própria magia.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Paz


A paz corre aqui.
No piano do rio que caminha sempre.
Na melodia das ondas do mar
que o esperam
e nas milhares de milhões de estrelas
que a tudo assistem sem sequer respirar.

Todas as noites
no mesmo lugar
a magia acontece
e fá-las delirar.

É o mundo que existe, assim,
sem ter que brilhar
e queimar
que inspira o Universo inteiro
a sonhar.
A paz. A terra é paz.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Dias

Há dias em que o caminho demora mais a chegar ao fim. Em que as curvas nos fazem virar demasiado. Em que as rectas não nos levam a direito. Há dias em que a noite vem logo. Em que não conseguimos ter tempo sequer para respirar. Nem para sorrir.

Há dias em que faz tanto calor. Mesmo quando está tanto frio. Há dias em qe não conseguimos ser nós. Dias em que somos uma outra pessoa. Dias em que o mundo gira. Frenético. Dias que são 1 minuto, 1 segundo, e que nem um instante são. Há dias, e dias. E o amanhã, como será?

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A Terra roda ao contrário


Hoje o tempo nasceu a andar para trás. Hoje o dia morreu no nascer no sol. Hoje o sol nasceu no mar. Por detrás do mar. Ou pôs-se e o tempo andou para trás. Ou o tempo passou mesmo, definitivamente, a andar para trás.

Hoje acordámos com o brilho do sol a elevar-se, a separar-se do mar, e foi como se estivessemos a sonhar. Num daqueles sonhos estranhos que nunca conseguimos compreender.

Hoje, o sol nasceu no mar, e foi como se a Terra tivesse começado a rodar ao contrário.

domingo, 8 de maio de 2011

A vontade de abraçar o mundo e de o criar



O sol e o vento
e um horizonte
que abraça o momento
que é montanha, monte,
mar, céu, vida.

A luz e o ar
e o vermos mais longe
esta vontade de abraçar
de sentir, de tocar, de sonhar
de ser o mundo
e de o poder criar.

Fotão e azoto
num verso que não pára
que não pode
que não quer acabar
ordenando o poeta
canhoto
que há sempre mais
há sempre mais
para navegar.