sexta-feira, 19 de novembro de 2004

O Caminho Pelas Ruas

Caminho pelas ruas da cidade e olho as multidões, imunes a qualquer força que lhes altere o estado cinético, devido à sua inércia quase infinita. Mas ainda assim adivinho-lhes os sonhos – aquelas estranhas coisas que se esforçam por não dar importância – e sinto-lhes a vida. Sinto-lhes o bater de algo muito mais além do que o próprio coração. Não que seja muito maior, mas por não ser necessariamente feito de matéria positiva.

De qualquer forma, não sou mais do que um qualquer elemento da paisagem. Isto porque quem caminha por entre a multidão é arrastado por ela e raramente consegue parar para pensar. Os que param, ou têm um esgotamento, ou são internados num qualquer hospital psiquiátrico.

Mas eu caminho e quero salvá-los. Mesmo consciente do perigo que essa palavra acarreta. Mas salvá-los de quê? Bem, na verdade nem eu sei ao certo do quê. Todavia, sei que aquilo que me move se mostra tão verdadeiro a mim que tem que significar algo – ainda que pouco – para todos os outros.

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