terça-feira, 4 de julho de 2006

O Último dos Viajantes no Tempo

O vento soprava forte aos ouvidos de Minskerti, o último dos viajantes no tempo que ainda se dedicava à sua arte seguindo rigorosamente os escritos antigos. Era verdade que todos os outros se haviam refugiado em tarefas de rotina, entregando-se aos prazeres mais imediatos e animalescos. Afinal, parecia que o século XXI seria mesmo o marco do fim de todo um povo que, durante séculos utilizara as suas fantásticas capacidades para trazer o melhor para o mundo, tentando minimizar as grandes catástrofes. Agora, suspirava Minskerti ao vento que lhe fazia esvoaçar os cabelos que tanto o caracterizavam, os viajantes do tempo haviam-se transformado em preguiçosos nómadas, utilizando as suas capacidades para pouco mais do que ganhar a lotaria, conquistar as mais belas mulheres, e conseguir os cargos de maior poder e prestígio.
Todavia, e por mais que os outros viajantes do tempo o tentassem convencer do contrário, Minskerti continuava a acreditar que a missão de cada um dos viajantes do tempo era demasiado importante para ser trocada pelos prazeres animais mais imediatos. E era por isso que, ainda que completamente só, ele continuava a menosprezar a sua própria vida em prol do mundo que tanto amava. Todavia, o que o último dos viajantes do tempo não sabia é que a viagem ao futuro próximo que estava prestes a realizar seria o maior desafio que alguma vez tivera de enfrentar. E talvez fosse isso mesmo que o vento forte sussurrava aos ouvidos de Minskerti, como se essa mesma massa de ar em movimento quase caótico pudesse já pressentir a situação mais dramática que a humanidade alguma vez imaginou.

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