sábado, 5 de janeiro de 2008

A Humanidade em Três Mundos - Fast-food II

O mundo está hoje a mudar. De forma extraordinariamente rápida. Mesmo que os ditadores de gema se esforcem por reforçar o terrorismo e os conflitos que parecem rebentar por todo o lado, é nesse mesmo mundo que está a brotar a semente da verdadeira mudança. Com o conhecimento a estar acessível a cada vez mais, e sobretudo com o debate de ideias através da internet - e das comunidades formadas - são cada vez mais aqueles que estão a conseguir encontrar o que se pode considerar “o seu próprio caminho”. É verdade que a sociedade os condena e repreende, sempre que se mostram à luz do dia. Por vezes abandonam o caminho que haviam começado, unicamente para voltarem a sentir-se “parte” da comunidade. Mas esses, tal como muitos dos outros, sabem perfeitamente que um dos maiores problemas da sociedade, e uma das principais razões de tantos conflitos e problemas prende-se com o imenso sentimento de perda, de desorientação e de bases para viver.
Aqueles que sempre viveram o mundo seguindo à risca todas as regras e dogmas, e que os aceitaram como verdades profundas, matando a sua própria curiosidade, agindo com base neles e não no seu verdadeiro julgamento ou experiência estendida e não centrada em si mesmo ou na sua própria sociedade - esses são aqueles que ainda se mostram mais estáveis. Senhores de si. Afinal, estão em casa.
Por outro lado, talvez a maioria, neste momento - no mundo “ocidental” - não seja assim. Nascidos sobretudo a partir da geração anterior, os filhos dos dogmas tiveram a oportunidade de olhar o mundo, e ver um pouco mais longe, mas foram desde logo obrigados a fechá-los, e a seguir as regras da sua sociedade, dos seus pais, da sua família, da sua igreja, da sua crença. Mesmo quando perceberam que não faziam qualquer sentido. Para esses, o mundo normalmente não faz qualquer sentido. Consequentemente, as celebrações, as rotinas, o trabalho, tudo se resumo a algo quase completamente forçado, ensaiado - quase pura representação. E existe um limite, que muitos atingem. Depressão, suicídio, isolamento.
Outros, sob pressão, passam para um outro grupo. Um terceiro. Talvez fruto sobretudo da última geração, mas também da primeira: os que olharam longe, foram obrigados a fechar os olhos, mas voltaram a abri-los. Um conjunto de pessoas que, a uma dada altura das suas vidas teve a coragem necessária para saltar o muro, para navegar para um outro continente, para descobrir a lua e outros planetas, para ver para além da nossa perspectiva. Pessoas que, mesmo que acabem por agir tal como as primeiras, segundo determinadas regras, princípios ou crenças, foram capazes de as escolher com base em vivências e experiências diversas. Muitas, porém, vão longe de mais, e são de tal forma rejeitadas pela sociedade que acabam como as do segundo grupo. De qualquer forma, são capazes de pelo menos conseguir esboçar um caminho, definido por eles próprios, onde cada erro, cada decisão, cada viagem são tesouros que não se pode abdicar nunca. Para eles, o arrependimento é o sentimento de quem tem medo de olhar para fora de si mesmo e descobrir o mundo, e arrependem-se apenas do que não fizeram.
E hoje, num mundo ditatorial, onde parece que a grande maioria dos seus habitantes parece pertencer ao grupo dos filhos de gado com olhos de artistas cegos na infância, que futuro podemos esperar?

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