sábado, 21 de maio de 2005

Liberdade

Era uma vez um conjunto de moléculas que boiava perdido, algures num pequeno lago há muito esquecido. E todas as leis da natureza diziam o mundo é belo porque possui ordem, porque tudo obedece aos mesmos princípios, porque tudo espelha a beleza da criação inicial. Porém, algures nesse lago, algo aconteceu. As moléculas que se haviam unido pelas próprias leis do universo, pareciam querer quebrá-las, como se isso fosse possível. E diziam queremos viver, queremos liberdade.
O pedaço de moléculas orgânicas gritou alto, tão alto que se ouviram relâmpagos por toda a Terra. O pedaço de moléculas orgânicas gritou liberdade, e, num ápice, tornou-se vivo e quis ser tudo, de todas as maneiras. Consequentemente, as leis do universo ficaram furiosas, de tal maneira que tentaram tudo para destruir a vida. Assim, durante milhões de anos, experimentaram todos os fenómenos naturais possíveis para repor a suprema ordem do universo. Contudo, mesmo quando parecia quase extinta, a teimosa vida conseguia ter de novo a força que a despontara, e, num novo grito de liberdade, cobria novamente toda Terra, em variedades sempre diferentes.

Hoje, todos nós somos muito mais do que um resultado do acaso. Somos o fruto de um grito de liberdade, de uma vontade imensa de viver pelas nossas próprias regras. É verdade que continuamos a ser prisioneiros de um universo no qual não escolhemos viver, mas parece que não temos qualquer outro – pelo menos por agora. Daí que a liberdade que tantos apregoam pelos cartazes, jornais e revistas, como se fosse apenas mais uma palavra, é bem mais do que isso.
Porque a liberdade é a fonte e o segredo da vida.

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