sábado, 21 de maio de 2005

Um Mundo tão Nosso...?

Era uma vez um mundo, e nesse mundo havia gente, muita gente. De todas as cores. De todas as formas. De todos os feitios e gostos e vontades. E nesse mundo havia um inigualável sentimento a vazio. Como se o nada fosse tudo aquilo que corria pelos habitantes desse mundo. Como se as suas vidas não tivessem cor, nem cheiro, nem forma, nem sabor. E, ainda assim, todos eles aparentavam uma energia estonteante. Caminhando e correndo e voando, dia após dia, noite após noite, em passos apressados, sem saberem sequer qual o destino que os esperava, ou qual a razão que os animava. Caminhavam e corriam, e por vezes matavam-se uns aos outros, numa violência mesquinha de lâminas e armas, só para chegar mais alto – mesmo que não soubessem por que razão queriam lá chegar. E, no final do dia, toda a gente se reunia. Abarrotavam edifícios imponentes e olhavam o céu, mesmo que isso fosse impossível lá dentro. Todos juntos, mas cada um por si. E, no único momento de união aparente no dia inteiro, diziam palavras que ninguém entendia, mas que nem por isso deixavam de as dizer. Era a rotina. O hábito. A tradição. E por isso, no final, saíam felizes e contentes, mesmo sem saberem o que é a felicidade, e mesmo sem nunca terem sorrido.
Depois, o silêncio abatia-se sobre esse mundo, aparentemente tão distante, e a noite tornava-se apenas uma brisa negra que contornava as cidades, uma voz que sussurrava, mas que ninguém ouvia, a dizer "Bem-Vindos ao século XXI".
E era neste silêncio, quando todos já dormiam, que uma voz terna chorava baixinho, sem que ninguém nesse mundo suspeitasse que quem chorava era o amor.

1 comentário:

David R. S. G. Sobral disse...

Acho que no dia em que paramos de lutar pelo amor, deixamos de ser quem somos e passamos a ser meros corpos, que existem mas não vivem, que movem os lábios mas não sorriem, que olham o mundo mas não o vêem.
Por isso, espero continuar a lutar pelo amor, até que a chama da minha vida se apague para sempre…